Os países que (NÃO) EXISTEM - OFICIALMENTE
Os países que NÃO existem (oficialmente)
Apesar
de possuírem presidente, bandeira, população, moeda própria, emitirem
passaporte e exigirem visto de entrada para turistas a ONU (Organização das
Nações Unidas) não reconhece, por inúmeras razões, determinadas regiões do
globo como locais autônomos e independentes. Algumas dessas terras são bem
conhecidas por nós turistas Kosovo, Groenlândia, Vaticano e Hong Kong.
Outras zonas já foram independentes, mas perderam
este posto e atualmente lutam para recuperar tal título, como Tibete e Taiwan.
Existem outras, no entanto, que nem sequer aparecem nos mapas e permanecem
ocultas dentro de países tidos como oficiais, como o caso da Transnístria.
O status de país
depende de quatro premissas citadas na Convenção de Montevidéu de 1933: “para
se tornar um país, uma região precisa ter território definido, população
permanente, um governo e a capacidade de estabelecer relações diplomáticas com
outros países.” E apesar de algumas destas regiões se enquadrarem no
padrão da convenção, a ONU não os reconhece.
O engenheiro florestal e autor do Blog SAI POR AÍ, Guilherme Canever (39), visitou algumas
dessas regiões e relatou suas experiências no livro Uma viagem pelos países que NÃO existem. (Pulp, 142 págs., R$ 49).
Este calhamaço de folhas se inicia com explicações sobre o que faz um país ser
efetivamente reconhecido como tal, nos capítulos seguintes o autor discorre
sobre informações de cada local, abordando a localização geográfica e suas principais
características, como nome oficial, moeda, se é preciso obter visto ou carta
convite (quando um morador local ou empresa lhe convida). O livro continua com
o relato das excitantes aventuras do autor que, também, dá dicas turísticas e
revela quais as precauções que se deve ter ao visitar regiões remotas. O livro
termina com curiosidades para os leitores se inspirarem a conhecer estes
locais.
AS
VIAGENS
Tudo começou quando Canever estava dando mais
uma de suas voltas ao redor do planeta. Desta vez o engenheiro estava na
África, e quase que acidentalmente, acabou desembarcando na Somalilândia, atualmente considerada
parte da Somália, mesmo tendo sido declarada independente em 1991.
Após assistir a vida
cotidiana daquela população e descobrir que tinham toda infra-estrutura de um
país normal, Guilherme começou a pesquisar e se interessar por regiões com a
mesma situação e quis conhecê-las. As viagens foram realizadas em diversas
etapas entre os anos de 2009 e 2014. Além deste, ele conheceu outros nove
países não oficiais: Transnístria, Ossétia do Sul, Abecásia, República de
Nagorno-Karabakh, Chipre do Norte, Saara Ocidental, Kosovo, Palestina e Taiwan.
OS
SUSTOS E AS ALEGRIAS
Como era de se esperar alguns
momentos das peripécias do ousado Guilherme não foram fáceis, no livro ele
relata que passou por muitos sustos. Um desses foi no deserto de Djibuti, na
África, quando o carro que o transportava simplesmente quebrou no meio do
deserto fazendo com que ele e a equipe tivessem que acampar sob a luz do luar.
Toda via desta desventura nasceu uma rara oportunidade, se misturar com
população local, os aldeãos de uma vila próxima ofereceram abrigo e uma
refeição.
Em outro momento Canever conta que
passou por um dos momentos de maior tensão de sua vida, tudo por causa de um
hábito involuntário de turista – uma foto. A fotografia de uma zona próxima à
fronteira entre a Ossétia do Norte e a do Sul levou toda a equipe para a
delegacia, onde ficaram horas dando explicações. A dificuldade de comunicação e
a língua foi um dos maiores problemas, revelou.
A
EXPERIÊNCIA E A CONCLUSÃO
Canever, afirma que
existem pontos positivos e negativos em se visitar locais como esses. O lado
bom é que não existem, ou quase não existem, outros turistas visitando os
pontos de interesse, portanto não se formam grandes aglomerações em frente aos
monumentos como acontece, por exemplo, em Paris ou Nova Iorque. Ele cita sua
visita às pinturas rupestres de Laas Gael (foto), na Somalilândia, como exemplo
disso. Sem contar o fato de que o turista pode ter um contato muito maior com a
população local.
O lado negativo de turistar por
regiões assim é a falta de informações prévias sobre os locais, a dificuldade
de comunicação, de hospedagem e de locomoção. Isso associado ao risco que se tem
em alguns locais devido à ocorrência de guerrilhas, como na Palestina. O
aventureiro afirma que se deve estar muito alerta e saber aonde ir e,
principalmente, não ir.
Outra questão
levantada é sobre o tempo médio que se faz necessário para visitar cada
localidade, segundo ele tudo depende do que o local pode oferecer no que se
refere a entretenimento, pode-se passar semanas em um local e apenas um dia em
outros.
Apesar de tudo o blogueiro de acordo com ele é uma experiência muito
enriquecedora. Alguns territórios, como Kosovo, vem se desenvolvendo e
recebendo um número cada vez maior de turistas, principalmente russos, e esse
processo facilita a vida dos viajantes, entretanto outras localidades exigem um
grande espirito de aventura.