O que aprendemos viajando sozinhos
Meu
sonho sempre foi desbravar o mundo e conhecer diferentes horizontes, pessoas,
culturas, degustar novos sabores e sentir aromas diferentes. Sempre soube que
não havia nascido para pertencer a um só local, quando comecei a viajar sozinho
com mais ou menos 20 anos ouvi vários comentários do tipo “Nossa, mas você não
tem medo de viajar sozinho?”, “É um local que você não conhece ninguém e que
não falam nosso idioma. Isso não te assusta?”.
Bom,
verdade seja dita NÃO nunca tive medo de ser só e eu adoro isso e viajar só ressaltou
esse sentimento em mim. Entretanto esse sou eu, não posso afirmar que todos se
sentiram bem ao fazer isso, mas posso dizer em alto tom que a experiência de viajar
sozinho só trás benefícios. Talvez você não os note naquele momento, toda via
quando retornar para sua casa vai perceber que algo mudou dentro de você e verá
que essa mudança foi para melhor, bem melhor.
Como
disse não tenho raízes para ficar plantado em uma zona de conforto e isso não
me apetece! Desde minha primeira viagem sozinho até a mais recente encarrei
diversas situações das quais me fizeram amadurecer, ganhar confiança, perder a
timidez e aprimorar meus conhecimento em língua inglesa. Sem contar, é claro,
que depois de dar esse passo e encarar o mundo com sua própria companhia você
vai viver experiências absolutamente incríveis.
Creio
que o primeiro fator que mais assusta as pessoas seja a questão da língua – por
mais que você tenha passado anos estudando inglês em uma escola ainda bate
aquela insegurança. Todos sabem que o que é aprendido dentro de um ambiente
controlado como uma sala de aula é diferente do que está nas ruas e também você
se sente mais seguro em falar, pois conhece aquelas pessoas. Mas, não se
assuste! Basta um pouco de mimica e de bom humor que tudo se resolve e você não
vai passar fome!
Atualmente
existem diversos aplicativos que ajudam os viajantes a se comunicarem e não só
em inglês, como o caso do GOOGLE TRADUTOR ou o MONA LÍNGUAS. Basta ter conexão
WI-FI. Há também dicionários de bolso com frases pré-montadas que ajudam e
muito. Sabe àquelas horas intermináveis dentro do avião? São ótimas para estudar
um pouquinho.
Não
tem desculpa!
Mas,
você deve estar se perguntando: Ele disse que aprendemos muitas coisas com essa
aventura, mas o que é? Listei abaixo o que eu aprendi nesses anos de estrada e
sei que ainda vou aprender muito mais.
1 –
Autoconfiança
Seu
ego vai às alturas! Não de uma forma ruim, mas de um jeito inesperado. Estar só
te motiva a fazer coisas novas e ser mais ousado. Os problemas que aparecem
pela estrada te desafiam a crescer e ser maduro o suficiente para tomar decisões
por si só.
2 –
Liberdade
AH a
tão sonhada LIBERDADE. Sim é fato que viajar sozinho lhe dá liberdade para
absolutamente tudo! Você faz o que quiser se tem vontade de comer cinco
sobremesas diferentes na Itália, você pode e ninguém fala nada. Se quiser tomar
uma garrafa de vinho às 11h em frente à Torre Eiffel você pode. Se quiser
passar a noite toda em uma festa em Berlim e depois dormir duas horas e sair
para conhecer a cidade, SIM você pode. Está a fim de passar 12h no Louvre,
então faça. Prefere deitar na areia e tomar sol e uns bons drinks o dia todo em
uma das ilhas tailandesas, vá em frente não tem ninguém te julgando. Sair da
rotina e abandonar hábitos é a melhor parte de estar viajando sozinho.
3 –
Sim e Não
Você
aprende a diz sim e, principalmente, a dizer não. Sempre que estamos viajando
sozinhos nós conhecemos pessoas e fazemos novas amizades, mas sempre devemos
lembrar que NÃO SOMOS OBRIGADOS A NADA. Não é por que você conheceu uma pessoa
nova no hotel/hostel que você está hospedado e que essa pessoa tenha interesses
parecidos com os seus que você vai criar laços de obrigação com ela. Dizer sim
é uma escolha e não uma OBRIGAÇÃO.
Já conheci pessoas maravilhosas pelo meu caminho, já vi atos incríveis. Entretanto já passei por situações difíceis.
Quando
estamos a sós com nós mesmos acabamos nos conhecendo melhor. Aprendemos do que
realmente gostamos ou não. Aprendemos a nos agradar e não aos outros. E ao
abandonar a rotina e suas preocupações cotidiana você vai notar o que realmente
importa.
5 –
Importante
Saudades
de casa, da família, da comida e até mesmo do seu banheiro é normal e isso lhe
ensina a valorizar o que realmente importa. Durante um período longe de tudo
que lhe é comum você acaba de alguma forma segmentando o que lhe faz falta e
enxerga o que realmente importa.
6 – Valores
Os
valores das coisas mudam com o tempo, mas depois de uma viagem isso fica bem mais
claro. Para mim, por exemplo, sempre valorizei roupas, marcas e carro. Mas
depois de ver um pedacinho do mundo acabei mudando, não estou dizendo que
atualmente eu ande por aí como um maluco usando trapos velhos, mas eu aprendi
que roupas e marcas são efêmeros e que viagens são atemporais e me agregam mais
valor do que um casaco Gucci. Portanto aprendi a segmentar meus gastos e a me
vestir bem gastando menos.
7 – Medo?
Depois
de certo tempo (digo certo porque isso varia de pessoa para pessoa.) o medo dá
lugar a coragem e viajar desacompanhado se torna uma aventura. O medo das
pessoas, de novas culturas de diferentes pensamentos é gradativamente substituído
pelo anseio da descoberta. Lembra-se de quando sua mãe lhe dizia que existem
amigos em todos os lugares? Sim é verdade. No hotel/hostel, nas ruas, no
restaurante, você sempre acha um novo amigo.
Isso
não significa que devemos confiar em todos, isso significa viajar sozinho e sem
medo, mas sempre com o desconfiômetro ligado. Infelizmente em qualquer parte do
mundo existem pessoas boas e pessoas mal intencionadas. Mas o maior medo que
aprendemos a superar é o da solidão, você aprende a estar com você mesmo, a se
curtir.
8 – Perspectivas
É incrível
como estar só consigo mesmo em uma viagem pode mudar sua perspectiva de vida. Conforme
viajamos nós aprendemos, não estou falando de história ou geografia, mas sim de
ponto de vista. Como bons brasileiros, temos o senso comum de achar que o jardim
do vizinho é sempre mais verde. Entretanto quando nos jogamos pelo mundo vemos
que cada lugar tem seus próprios problemas, seja de falta de estrutura, de economia.
Mas
não somente isso, às vezes julgamos o outro sem saber o porquê, por exemplo, de
uma tradição como o uso do véu islâmico. Ou por sua culinária peculiar, já ouvi
pessoas dizendo “Que nojo os franceses comem lesma e os asiáticos escorpiões.” –
Isso é 100% cultural e foi assim que o povo local sobreviveu durante períodos de
escassez de comida. Ou seja, nossa visão limitada se desfaz e figura-se em
saber e o preconceito morre.
Dica: Abandone as suas verdades, dispa-se de preconceitos e abra sua mente! O que parece errado para você é o certo para outra cultura. Lembre-se você é um intruso, você está de passagem, portanto você deve se adequar a cultura local e não o contrário.
Ser turista é uma coisa incrível, mas ser um turista solitário é mais incrível ainda. A humanidade dentro de nós cresce em uma proporção inacreditável. Pedimos ajuda na rua e também ajudamos - Seja para tirar uma fotografia, seja para pedir uma informação. UM FATO MUITO IMPORTANTE, TAMBÉM, É SER HUMILDE E NÃO BANCAR O ESPERTO. - SEMPRE TEMOS MAIS A APRENDER DO QUE ENSINAR.
História de viagem: Uma vez em Budapeste eu estava visitando a Estátua da liberdade no Monte Gellért, quando um casal de turistas italianos me abordou para perguntar como eles fariam para chegar até o Castelo Vajdahunyad (é uma distância considerável). Eu expliquei o trajeto para eles, tanto o caminho à pé, quanto o de trasporte público. O fato é que eu notei que eles não tinham um mapa da cidade, somente algumas anotações manuscritas de pontos de interesse da cidade, eu tinha dois mapas, o que estava utilizando e outro que estava na minha bolsa. Eu perguntei para eles se não tinham um plano da cidade e eles fizeram uma cara de desconsolo e disseram não. Então saquei meu mapa extra da bolsa e fiz umas anotações para eles e lhes presenteei. - Eles realmente não souberam como reagir e chegaram até a me oferecer EUR$20,00 EUROS, eu disse não que era um presente. Eles me abraçaram e agradeceram muito.
POR: VICTOR GALE