Sarajevo
O que vem a sua cabeça quando alguém fala sobre
a Bósnia e Herzegovina? Talvez você pense em um lugar ermo e frio, com uma
população fechada e de hábitos curiosos, ou talvez você se lembre das duas
aulas de história quando o professor contava sobre o recente histórico de
guerra e genocídio no pequeno país. E
sobre a população? Talvez um povo sofrido, traumatizado e quem sabe ainda
violento. Pode até ser verdade que as marcas da guerra tenham calejado a
população Bósnia, mas uma pequena passagem pelo país pode mostrar o quanto
estamos errados.
O país
possui uma história recente e triste, o mercado de turismo começou a poucos
anos a se abrir para o mundo, hoje são mais de 360 mil turistas todos os anos
no pequeno país. A maior parte dos visitantes passa por essa área vindos ou
indo para países como a Croácia, Sérvia, Eslovênia, Montenegro e Hungria.
Apesar do turismo recente a capital Sarajevo pode oferecer muito, desde turismo
religioso até turismo de guerra, recheado com muita história.
Falando
em religião vale ressaltar que o país é o que possui o maior índice de
mulçumanos na Europa, com cerca de 49% da população, os outros 51% se dividem
entre cristãos ortodoxos e católicos romanos, e todos eles convivem muito bem,
sem conflitos e muito próximos. Podemos andar por uma única rua e visitar uma
mesquita, uma igreja cristã e uma ortodoxia. Esse conceito justifica porque
muitos dizem que a Bósnia é o ponto de encontro entre o Ocidente e Oriente.
Na
capital Sarajevo se encontram alguns dos pontos mais marcantes da história
mundial. Um exemplo disso é a “Ponte Latina”, onde aconteceu o assassinato do
arquiduque Fraz Ferdinand pelas mãos do estudante sérvio Gavrilo Princip, que
acabou motivando o início da Primeira Guerra Mundial. A ponte atravessa o rio
Miljacka e oferece uma bela visão dos prédios históricos que a cercam. Há
também grandes construções que valem uma visita, como o prédio da Biblioteca
Nacional, o Vijecnica, de imponência neogótica e que foi quase totalmente destruído
durante o bombardeio da guerra civil, tendo de ser reconstruído. E não tem como
se esquecer da Bascarsija, região comercial do centro da cidade, que possui
influência turca, ainda do período dominado pelos turcos otomanos, e um
comércio com variedades e preços chamativos o suficiente para fazer você querer
voltar mais vezes.
Os
agradáveis passeios pelas ruas do centro, quase sempre lotadas de jovens
socializando entre lanchonetes e cafés, e a vida noturna que inclui inúmeros
bares ao ar livre e pessoas que se espalham pelas ruas e praças com garrafas de
cerveja, acaba por desfazer um pouco a ideia de que este é um país que somente
há duas décadas estava destruído pela guerra civil, e tem um sentimento e
desejo de renovação, mas sem esquecer o passado. As marcas dele estão bem visíveis
em diversos monumentos que prestam homenagem às vítimas. Talvez um dos mais
tocantes seja o monumento às crianças que foram assassinadas durante este
período: um chafariz com pequenas pegadas cravadas na base, além de cilindros
marcados com os nomes das vítimas, que, ao girar, imitam o barulho de
chocalhos. E também, os prédios baleados, quase caindo, que estão lá para
relembrar do que não deve ser repetido.
Por ser
tão recente, a imagem do país acaba sendo extremamente atrelada à guerra, mas a
realidade atual mostra que o povo, apesar de ainda marcado pelas perdas, tenta
se reerguer e construir uma nova história. Isso fica claro na reconstrução de
sua capital e na diversidade cultural que permeia em seus habitantes.
POR: VICTOR GALE