Um passeio pela Normandia e pela Bretanha: um final de semana, quatro cidades.
Elegemos
a cidade de Dinard como ponto fixo da nossa exploração, trata-se de um
balneário turístico localizada na região da Bretanha, que fica cerca de 5 horas
do centro de Paris. Por questões de
comodidade e custo/benefício, optamos por alugar um apartamento no AirB’n’B,
entretanto existem diversos hotéis e pousadas na região. Ficamos neste
apartamento por duas noites e fizemos todos os passeios entre as cidades de
carro e dentro delas nos locomovemos a pé, as localidades que visitamos são de
fácil acesso para pedestres, e por ser inverno na Europa, não haviam muitos
turistas circulando pela região, o que facilitou nossas caminhadas.
Chegamos
à cidade no início da noite, depois de uma pausa para jantar em um restaurante
de estrada, e fomos direto para nosso apartamento, já que tudo já estava
fechado devido a temporada de inverno e ao horário. Na manhã seguinte,
acordamos cedo para aproveitar bem o dia, saímos para tomar café-da-manhã em
St. Malo e conhecer a cidade fortificada (curiosidade: é possível ver o skyline
de St. Malo a a partir da orla de Dinard).
Para quem está de carro, o trajeto leva cerca de 10 minutos, mas para
quem não dispõem de tal comodidade, há um ônibus e também uma balsa que fazem a
travessia de Dinard para St Malo.
Tomamos
um típico desjejum no restaurante do Hotel du L'Univers, localizado na Place
Chateaubriand. (http://www.hotel-univers-saintmalo.com/) O local possui um
ambiente bem descontraído e elegante, com funcionários bilíngues e um cardápio
simples com itens essenciais para um típico café-da-manhã francês, com
croissant, pain du chocolat, geleias e manteiga.
Passamos
a manhã explorando St. Malo, uma cidade bastante turística e com uma forte
tradição corsária. Foi desta cidade que Jacques Cartier partiu para conquistar
o Canadá, em 1534. A Bretanha em geral tem uma tradição grande de navegação e
pesca por conta do grande litoral, a culinária local se baseia em frutos do
mar, é possível ver inúmeras barraquinhas que vendem peixes e crustáceos. A
parte mais turística do balneário fica dentro dos muros fortificados, é
possível subir e andar pelos muros, e essa é uma das melhores maneiras de ver a
cidade do alto. São catedrais, torres, casas de pedra e muitos edifícios para
se conhecer ao longo da vista do muro, dá para ficar várias horas lá em cima
admirando a cidade de pedras e a belíssima vista do mar.
Se você
for à Saint-Malo, aproveite para conhecer um pouco da gastronomia da região,
além dos frutos do mar, há também, biscoitos amanteigados, conhecidos como
Palets Bretons, outra coisa bem típica da região são os caramelos salgados, que
podem ser encontrados em várias lojas de lembrancinhas.
Após a
visita à St. Malo fomos para a cidade de Pontorson para uma pausa para o
almoço, essa pequena comuna francesa está a poucos minutos de carro da grande
atração da região, o Mont Saint-Michal. Para o almoço elegemos um prato típico
francês, o crepe. Fomos ao restaurante Le Grillon, localizado no número 37 da
rue Couesnon. Essa foi uma escolha muito feliz, em um ambiente aconchegante e
agradável, com funcionários simpáticos e uma refeição deliciosa. Vale a pena
provar, também, outra iguaria francesa desta região do país a Sidra. Essa bebida
é o resultado do suco de maçãs fermentadas, e as maças provem das produções
locais e são de variedades diferentes, os principais tipos são: Guillevic
(acidulada),Douce Coët Ligné (doce), Douce Moen, Peau de Chien, Prat Yeot
(doces-amargas), Kermerrien, Marie-Ménard, C’huero Briz (amargas). A mistura
destas frutas proporciona uma bebida harmoniosa, equilibrada, leve e saborosa.
É possível encontrá-la em diversas lojas locais a preços mais altos, devido a
autenticidade e a grande quantidade de turistas, entretanto em Paris é possível
achar tal bebida por 2 euros na rede de supermercados MONOPRIX.
Logo em
seguida partimos para o misterioso Mont Saint-Michel, local tem uma história
rica, passear por suas ruazinhas medievais é um privilégio enorme. Como não entram
carros e existem construções muito antigas e bem preservadas, como a abadia, é
muito mais simples se imaginar como era a vida naquele local nos séculos
passados.
O que
mais encanta os turistas, de fato, é a magia das marés, que transformam o monte
sagrado em uma ilha de um jeito único. O monte fica completamente cercada de
água do mar em questão de horas, o
biólogo Patrick Desgué, nos explica que esse fenômeno se dá graças a atração da
lua e do sol sobre a massa de aguá que está sobre a terra. Entretanto esse
fenômeno ocorre cerca de 24 vezes por ano, ou na lua cheia ou na lua nova,
portanto é necessário estar no local nas datas corretas, o site oficial de
turismo do complexo disponibiliza uma tabela com datas que o fenômeno ocorrerá.
Atualmente é possível acessar a ilha independente da maré, graças a uma ponte
que foi construída em 2014. Ou seja, se você se hospedar fora do Monte ou
estiver apenas de passagem por algumas horas, não precisa se preocupar em ficar
ilhado.
Eu tive o
imenso prazer de ser presenteado com um dia prefeito na região, e pude
acompanhar de perto esse magnifico capricho da natureza. Quando nós chegamos lá
a maré ainda estava baixa, o que nos permitiu explorar a pé o imenso areal e
tocar as águas do canal da mancha. Depois dessa aventura molhada, passeamos
pelas ruelas da cidadela medieval, leva-se em torno de meia hora para subir até
o topo do monte e ficar aos pés da abadia, mas como bons turistas parávamos
para observar tudo, retratar cada canto da cidade, cada casa de pedra, cada
telhado com musgo amarelo, o charmoso cemitério e principalmente a vista.
A grande
atração dentro do Monte Saint-Michel é a abadia. A entrada custa 10 euros,
compramos na hora, mas é possível comprar antecipadamente através do site do
complexo.
Na hora
da fome, nada melhor do que saborear um prato tradicional do local, a omelete
suflê da Normandia. O restaurante que apreciamos essa iguaria nos garantiu que
a receita é a mesma que saciava a fome dos romeiros, ele se diferencia da
omelete que conhecemos por que além de ser batido a mão com um fuê ele é assado
em forno à lenha como em 1888. Nesse site é possível encontrar uma variação
fácil e deliciosa deste prato:
http://gnt.globo.com/receitas/receitas/omelete-sufle.htm
Ver o
Mont Saint-Michel a noite é sem dúvida uma das experiências mais incríveis,
espetaculares e inesquecíveis que já tive. Realmente as cores do céu roubam
nossas palavras e os olhos se enchem de lágrimas. Sem sombra de dúvida visitar
essa região do planeta deve-se estar na lista de coisas para fazer antes de
morrer de qualquer viajante.
Nosso dia
terminou na cidade de Dinan, é uma cidadezinha localizada na Bretanha que nos
convida a nos perdermos por suas ruazinhas do centro histórico, é considerada
uma das cidades mais bonitas da França e tem, segundo seus moradores, a segunda
rua mais charmosa do país. Quando estávamos lá era época de natal e já havia a
famosa e tradicional feira de final de ano, com decorações luminosas que se
misturavam com o tom de azul escuro do céu e criava, desta forma uma magia no
ar, parecia que andávamos lado a lado com as estrelas. A cidade está a poucos
quilômetros do mar, ela fornece muitos atrativos aos visitantes, sendo o
principal o simples ato de caminhar por suas ruas medievais construídas no século
XIII e rodeada por pequenos mercados de produtos da Bretanha.
Passeamos
pela feira, tomamos vinho quente para aquecer-nos e nos perdemos pelos
encantadores ruas de pedras da cidade. Depois passamos quase uma hora tentando
localizar um restaurante que não estivesse lotado, ou fechando, ou que só
aceitasse clientes com reservas prévias. Mas, desta feliz procura surgiu (na
minha opinião) o mais belo e aconchegante restaurante que visitamos na região,
um bistrô chamado Le Connetable, localizado na 66 Rue de Bres
(http://www.leconnetabledinan.com/).
Depois retornamos para nosso apartamento em
Dinard e na manhã seguinte para Paris.
POR: VICTOR SOBREIRA