Monastérios de Meteora - Grécia
A região
de planícies montanhosas no noroeste da Grécia é uma verdadeira viagem
intelectual e espiritual. Cinco horas de trem separam Atenas dos mosteiros
suspensos de Meteora, a paisagem vai mudando rapidamente através das janelas do
comboio, a o barulho e a vida agitada da cidade dão lugar a calmaria das
montanhas, onde o único ruído é o som murmurante dos ventos.
As
cadeias de montanhas rochosas dessa região foram formadas pelo tempo, os detritos
de um antigo lago se acumularam, esses resíduos foram elevados pelos movimentos
tectónicos e finalmente a força dos ventos esculpido os altos e belos picos,
que se assemelham a dedos, o mais alto deles tem 549 metros de altura. Reza a
lenda que no século 14, um monge da região do Monte Athos, fugindo dos ataques
turcos, fundou no noroeste da Tessália um mosteiro. O isolamento e a calma do
local eram mais do que propícios para a elevação espiritual. O penhasco sobre o
qual se içou o retiro ortodoxo, passou a ser conhecido por “meteoros”, que em
grego significa “suspenso no ar”.
Durante
apenas 3 séculos, foram edificados nesta região da Grécia mais de 24 mosteiros,
dos quais seis sobrevivem habitados até os dias atuais. Esse era o centro de
religião ortodoxa mais importante da época, e ainda hoje conserva esse status,
só perdendo para Monte Athos, no norte da Grécia. A maior dificuldade era o acesso
que só era possível quando os monges permitiam, uma vez que para subir até o
monastério era necessário que se jogasse uma corda para içar o visitante, assim
como na fábula da Rapunzel. Esse método dificultoso garantia a proteção do
local e de seus habitantes.
Durante séculos eles sobreviveram com doações
das cidades adjacentes, entretanto aos poucos os calmos monastérios foram
deixando de existir, ora pela falta de interesse dos homens mais jovens em
seguir aquela vida, ora pela morte de seus ilustres habitantes. Segundo nosso
guia local, Derék, somente no século 19 as primeiras mulheres tiveram acesso a
esse local sagrado. Graças a um enorme incêndio no Grande monastério, os monges
clamavam por socorro fazendo gestos e mímicas, e as mulheres de Kalambaca foram
as primeiras a chegarem ao local levando consigo baldes d’água e suprimentos
médicos.
Depois
em 1921 a Rainha da Romênia, Maria, foi a primeira mulher autorizada a entrar
no monastério para visita-lo, atualmente ambos os sexos podem visitar o local,
entretanto devem seguir uma série de exigências no que se refere a vestimenta.
As mulheres devem cobrir seus cabelos, busto, ombros e joelhos, já os homens
devem cobrir os ombros e joelhos.
Uma
curiosidade sobre o local é que dois dos seis monastérios sobreviventes na
região são regidos por freiras. Já que os homens jovens dos séculos 20 e 21 não
queriam se entregar a vida de orações, as jovens mulheres salvaram essa ordem
religiosa.
Graças a
fama do local, milhares de turistas se aglomeram dentro dos monastérios durante
os meses de verão, o que faz com que a lógica do silêncio, paz e reflexão se
perca entre uma fotografia e outra. Apesar dos mosteiros terem regras bem
rígidas no que se refere ao barulho, é quase inevitável não ouvi-lo. Toda via,
os mosteiros menores têm controle de acesso, e limitam a quantidade de
visitantes, o que permite aos turistas mais pacientes, a aproveitar o doce e
quente murmuro do vento, e quem sabe uma busca de elevação espiritual.
Além dos mosteiros Meteora é muito rica em beleza natural, entre uma visita e outra é possível admirar a vista deslumbrante do local, e meditar em cima de uma das muitas pedras mais afastadas dos barulhentos turistas chineses.
POR: VICTOR GALE